27 de dezembro de 2008

“Queime depois de ler” de Joel e Ethan Coen

Mais uma vez os irmãos Coen mostram a sua visão sarcástica sobre a sociedade norte-americana, repetindo o que fizeram em “Arizona, nunca mais” (1987), “Fargo” (1996) e “Onde os fracos não têm vez” (2007), mas “Queime depois de ler” (2008) tem uma diferença, se passa no leste dos EUA e por isso as personagens não têm o sotaque carregado, texano, tão marcante nos outros filmes.

O filme nos mostra um analista da CIA, Osbourne Cox (John Malkovich), demitido, com um casamento em crise e decidido a escrever suas memórias. Uma funcionária de uma academia de ginástica, Linda Litzke (Frances McDormand), preocupada em fazer três ou quatro cirurgias plásticas e arrumar um namorado através de uma agência de relacionamento. Um professor da academia, Chad Feldheimer (Brad Pitt), amigo de Linda e que só ouvi música em seus fones de ouvido e masca chiclete. Um investigador federal, Harry Pfarrer (George Clooney), obcecado por mulheres e que sempre pratica corrida após transar com suas amantes. E uma médica, Katie Cox (Tilda Swinton), esposa de Osbourne Cox que não aceita a sua demissão e o trai com Harry.

As personagens se encontram quando um CD, com as memórias de Cox, cai nas mãos de Linda e Chad, através do faxineiro da academia que o encontrou caído no chão e eles resolvem chantagear o autor para trocar o CD por dinheiro, crendo que as informações nele contidas são ultra-secretas; vale ressaltar que a idéia é de Linda, só preocupada em conseguir dinheiro para suas cirurgias plásticas, pois Chad é um jovem que não pensa, só ouvi música e as idéias da amiga; e nos relacionamentos amorosos simultâneos que Harry tem com Katie Cox e com Linda Litzke.

Destaco três cenas: a primeira, quando Linda e Chad levam o CD à Embaixada da Rússia, pensando em obter algum benefício com ele, a segunda, onde Chad entra na casa de Cox para procurar mais informações confidenciais e vê Harry entrando na casa. E claro, o final que não poderia ser diferente, violento e sarcástico.

Nessa trama, percebemos uma CIA burocrática, onde eles não sabem de tudo, como nós pensamos; percebemos a busca incessante pela beleza, deixando de lado meios escrupulosos e suas possíveis conseqüências; e por fim, percebemos a paranóia norte-americana de ser vigiado e mesmo perseguido, sem estar de fato.

Destaco ainda as atuações de Frances McDormand (personagem pretensiosa e bem-humorada), John Malkovich (personagem sério e violento), Brad Pitt (personagem hilário e idiota) e George Clooney (personagem sedutor e paranóico).

Talvez esse filme não chegue ao nível de “Fargo”, mas com certeza também é uma grande obra dos irmãos Coen.

3 comentários:

  1. O John Malkovich é muito, muito bom. E o Brad Pitt mostra q não é apenas bonitinho.
    Eu destacaria a cena da Linda no cirurgião plástico. Muito boa!

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  2. Olha, Edu, sinto muito, mas achei esse filme uma decepção. Assim como foi "E aí, meu irmão, cadê vc?", outro filme morno dos Coen que se destacou mais pela atuação individual dos atores do que pelo ritmo da trama. As histórias vão caminhando paralelamente, até que se entrelaçam com a sutileza de uma colisão entre duas carretas, o que me remete muito à técnica dos comediantes de besteirol. Achei a atuação do Brad Pitt hilária, mas histriônica, tão maneirista quanto um Jim Carey. O Malkovich está ótimo expressando aquela frustração e raiva que se espera de um ex-agente da CIA. O filme tem boas atuações sim,mas me pareceu mais uma coletânea de retalhos do que uma trama com começo, meio e fim. Acredito que daqui a alguns anos será esquecido. Depois de Fargo e No Country For Old Men, Queime Depois de Ler, que já era pequeno, ficou menor ainda.


    "Queime depois de ler" faz uma sátira da CIA, é verdade, mas não traz nada de original. Já foram produzidos outros filmes satirizando a CIA ou a sociedade de consumo com mais originalidade.


    Vejo muitas qualidades, sobretudo na atuação marcante dos medalhões (John Malkovich e Frances McDormand) e algumas medalhinhas (Brad Pitt e George Clooney) que vc citou, mas achei tudo

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  3. Bom eu gostei do filme , e só . Acho que ele serve a um propósito que é levantar algumas questões básicas como um paranóia nos personagens.
    Acho que pode haver uma decepção se for esperado um filme com o mesmo propósito de "Onde os Fracos não tem vez".

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